"Quando o Governo viola as leis do povo, a insurreição é, para o povo e para cada parcela do povo, o mais sagrado dos direitos e o mais indispensável dos deveres"
Imaginar que isto foi escrito em 1793 como um artigo da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão faz-nos corar de vergonha.
Desabafos de um Sindicalista
segunda-feira, 15 de junho de 2015
quinta-feira, 11 de junho de 2015
Adeus
Ontem foi o último 10 de Junho para Cavaco Silva.
O país agradece a saída de cena.
Por mim não deixa saudades.
Com o respeito devido pelas cargos que ocupou, vejo a sua saída como um alívio e uma esperança. Dificilmente poderíamos ter tido pior quanto tanto precisámos dessa figura tutelar.
Parcial, não confiável, sectário, chato, fingido.
Adeus
O país agradece a saída de cena.
Por mim não deixa saudades.
Com o respeito devido pelas cargos que ocupou, vejo a sua saída como um alívio e uma esperança. Dificilmente poderíamos ter tido pior quanto tanto precisámos dessa figura tutelar.
Parcial, não confiável, sectário, chato, fingido.
Adeus
A coisa está cinzenta
Estou de volta.
Depois de uma pausa sabática (não no sentido estrito mas na acomodação de uma readaptação a uma nova vida depois de tanto tempo como SG do SIM) os temas e motivos para escrita são mais que muitos e o silêncio pode ter conteúdo político quando excessivo.
Pois estou de volta porque me mantenho não engajado (se exceptuarmos filiação clubística) e, nesse proposto, livre para expressar o que sinto e o que penso, liberto das amarras do tempo.
Estou e acordei cinzento e não estranhei ver chuva. Se as minhas derivas oníricas nocturnas tinham sido cinzentas e chuvosas o dia prometia igual caminho.
Caminhando alegremente para o clube dos sexagenários sempre pensei estar sentado numa autohome passeando por esse mundo com a minha companheira de sempre.
41 anos de descontos na Função Pública, inscrito na CGA em 1974, pensei que seria suficiente para desligar e, com uma reforma decente, deslizar por esse mundo sabendo-me a coberto de inexistência de créditos e confortável com uma reforma que pingasse, robusta, em dia certo. Não foi.
Um país estranho governado por empenhados incapazes deu cabo das nossas expectativas, legítimas, e, mais grave, deu cabo do dinheiro que lhe confiámos para reforma.
Assim, sob protesto, trabalharemos até à exaustão e colaboraremos com 50% do produto do nosso trabalho para tapar os desmandos.
Hoje, sendo medico de família, é fácil ver um sexagenário empurrado para mais uma visita a Fátima ou para a hidroginástica, que alguém há-de pagar, mas sem dinheiro para deixar na farmácia para pagar alguns dos medicamentos que tanta falta lhe fazem.
Hoje é mais fácil ter um pavilhão multiusos de 30 em 30 km do que ter instalações decentes para Unidades de Saúde, sejam Hospitais ou Centros de Saúde.
Estranho país.
Depois de uma pausa sabática (não no sentido estrito mas na acomodação de uma readaptação a uma nova vida depois de tanto tempo como SG do SIM) os temas e motivos para escrita são mais que muitos e o silêncio pode ter conteúdo político quando excessivo.
Pois estou de volta porque me mantenho não engajado (se exceptuarmos filiação clubística) e, nesse proposto, livre para expressar o que sinto e o que penso, liberto das amarras do tempo.
Estou e acordei cinzento e não estranhei ver chuva. Se as minhas derivas oníricas nocturnas tinham sido cinzentas e chuvosas o dia prometia igual caminho.
Caminhando alegremente para o clube dos sexagenários sempre pensei estar sentado numa autohome passeando por esse mundo com a minha companheira de sempre.
41 anos de descontos na Função Pública, inscrito na CGA em 1974, pensei que seria suficiente para desligar e, com uma reforma decente, deslizar por esse mundo sabendo-me a coberto de inexistência de créditos e confortável com uma reforma que pingasse, robusta, em dia certo. Não foi.
Um país estranho governado por empenhados incapazes deu cabo das nossas expectativas, legítimas, e, mais grave, deu cabo do dinheiro que lhe confiámos para reforma.
Assim, sob protesto, trabalharemos até à exaustão e colaboraremos com 50% do produto do nosso trabalho para tapar os desmandos.
Hoje, sendo medico de família, é fácil ver um sexagenário empurrado para mais uma visita a Fátima ou para a hidroginástica, que alguém há-de pagar, mas sem dinheiro para deixar na farmácia para pagar alguns dos medicamentos que tanta falta lhe fazem.
Hoje é mais fácil ter um pavilhão multiusos de 30 em 30 km do que ter instalações decentes para Unidades de Saúde, sejam Hospitais ou Centros de Saúde.
Estranho país.
terça-feira, 10 de abril de 2012
O que eu gostava mesmo é que me deixassem trabalhar
Com a minha preparada saída do executivo sindical do SIM ganhou forma o regresso quase a tempo inteiro à prática médica.
Aproveitei para pedir mobilidade do ACES Oeste Norte para o ACES Cova da Beira, deixando desgosto na minha estimada Directora Executiva Teresa Luciano e no meu coordenador de UCSP e meu médico de família, Carlos Inácio.
Estou certo que me desculparão mas o apelo pelo regresso às origens falou mais forte.
E fiz a coisa by the book.
Minuta Pires Miguel num advoguês de primeira, cartinhas registadas com aviso de recepção para os Srs. Presidentes das ARS de Lisboa e Vale do Tejo e do Centro, ofício para SE o Ministro, na mesma base, não fosse haver problema na delegação de competências de mobilidade entre regiões.
A ARS LVT, com o seu Vice Luis Pisco em excelente plano, deu sequência à coisa, registada a inevitável negativa do meu local de origem. E informou-me de tal logo no início de Março.
Rumei à Covilhã logo que passei a pasta do SIM, esperançado que o receptador seria lesto.
Enganei-me e o absurdo aconteceu (e mantém-se).
No Centro a decisão de aceitação ainda não foi oficializada.
Sou um apátrida.
Já sei para onde vou trabalhar. Já conheço os meus colegas. Já com eles reuni para decidir os feriados na Consulta Aberta e as férias. Já tenho horário para distribuir com elegância as minhas 41 horas semanais (menos uma horita por já ter 55 anos).
Os utentes de Janeiro de Cima (354), de Bogas de Baixo (210), de Bogas de Cima (463), de Barroca (334) e de S. Martinho (182) lá estão ainda com a minha colega, ansiosa pela minha chegada que lhe permita reclassificação e aproximação da Sede.
A Consulta Aberta, que ainda funciona na antiga Urgência do Hospital do Fundão, reclama por mais uma cabeça, esgotada que está na sua manutenção política e no uso que os utentes lhe conferem - a de Urgência.
Enquanto não for oficializada a minha mobilidade não existo, Não existindo não posso ter password para o SAM e o Sinus, para o Alert, para o receituário e a prescrição de EAD. Não posso sequer ter vinhetas, ainda necessárias em S. Martinho, extensão onde a net teima em não chegar.
Visito a minha UCSP com frequência. Dou um saltinho, por vezes, ao ACES.
Nada. "Ainda não sabemos de nada sr. doutor", verbalizam as educadíssimas, simpáticas e dedicadas assistentes administrativas.
Haverá alguma razão lógica para que eu esteja à espera há mais de 40 dias para poder começar a trabalhar?
quarta-feira, 14 de março de 2012
Retorno à normalidade
No passado dia 10 de Março o Congresso do SIM elegeu um novo executivo.
Como prometido há 3 anos cessei a minha actividade sindical executiva.
Fui eleito Presidente do SIM, presido ao Conselho Nacional, tenho assento na Secretariado Nacional, sem direito a voto, tenho espaço de representação mas, felizmente, reganhei espaço para voltar à minha actividade assistencial.
Saio da 1ª linha com grande felicidade. Deixo o SIM independente, sério e governável. Saio, como 1/3 dos secretários, para permitir renovação geracional.
Saio para inverter uma lógica comum das organizações sindicais e associativas - a da perpetuação no poder.
Pedi transferência para o ACE Cova da Beira. Saio da ribalta e entro no interior mais sereno de Portugal.
Regresso ao que sempre fui: médico.
Mantenho-me, por respeito estrito ao cargo que desempenhei e ao Sindicato que me honrou permitir-me representa-lo, indisponível para qualquer cargo privado, de nomeação governamental ou de eleição em qualquer outra estrutura associativa.
Bem haja a todos.
Como prometido há 3 anos cessei a minha actividade sindical executiva.
Fui eleito Presidente do SIM, presido ao Conselho Nacional, tenho assento na Secretariado Nacional, sem direito a voto, tenho espaço de representação mas, felizmente, reganhei espaço para voltar à minha actividade assistencial.
Saio da 1ª linha com grande felicidade. Deixo o SIM independente, sério e governável. Saio, como 1/3 dos secretários, para permitir renovação geracional.
Saio para inverter uma lógica comum das organizações sindicais e associativas - a da perpetuação no poder.
Pedi transferência para o ACE Cova da Beira. Saio da ribalta e entro no interior mais sereno de Portugal.
Regresso ao que sempre fui: médico.
Mantenho-me, por respeito estrito ao cargo que desempenhei e ao Sindicato que me honrou permitir-me representa-lo, indisponível para qualquer cargo privado, de nomeação governamental ou de eleição em qualquer outra estrutura associativa.
Bem haja a todos.
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Vasco, o Rezingão
Está por lá há anos. Serve-se da última página para zurzir em tudo quanto mexe, pensa ou exista. Utiliza uma língua apelativa, seca,crua, dura. Ninguém lhe resiste.
Concordamos com ele algumas vezes, não nos revemos noutras.
No que me comove, não parece gostar de funcionários públicos. São uns parasitas miseráveis largamente responsáveis pela crise que vivemos.
Eu, médico, funcionário público convicto, integrado num serviço gabado e cobiçado além fronteiras, irrito-me. Não gosto, cheira-me a crítica seca, inconsistente, formada para agradar a leitores e a perpetuar proventos financeiros por surfar onda de moda.
O pior é que é profundamente hipócrita.
Vasco Pulido Valente é funcionário público.
Vasco Pulido Valente pertence ao quadro do Instituto de Ciências Sociais, bela escola de pensadores e críticos como António Barreto, Manuel Vilaverde Cabral, Maria Filomena Mónica, entre tantos outros.
Vasco Pulido Valente recebe com periodicidade religiosa e mensal o seu vencimento.
Mas Vasco Pulido Valente não dá uma aula, não escreve um texto, não dá uma conferência, não investiga, não publica, não nada, há 10 (dez) anos!!
Mas recebe, religiosamente, a cada mês o seu vencimento de funcionário público.
Portugal está em crise.
É bem verdade.
Mas é de valores que a crise mais se ressente.
Vasco, o Rezingão, continuará a maltratar tudo e todos na última página e a receber, injustamente, o seu salário de funcionário público no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
Sinais
Hoje o Parlamento aprovou, na generalidade, a extinção preventiva das fundações públicas de direito público e privado e de fundações privadas que detém património ou recebem dinheiro do Estado.
Esta suspensão preventiva tem, como fim último, a possibilidade de responder a um questionário que permita a avaliação custo benefício da utilização de fundos públicos.
Acresce a necessidade de "ver" as contas.
Qualquer pessoa de bem enquadra esta decisão do Parlamento numa objectiva necessidade de transparência na utilização de dinheiros públicos, dinheiro dos contribuintes.
O que se poderá já estranhar é que tal proposta de Lei venha de partidos de direita, que a esquerda parlamentar se abstenha e que o Partido Socialista se manifeste democraticamente contra.
Não seria interessante percebermos de que tem medo o Partido Socialista?
Colocar as Fundações sobre escrutínio é errado?
Obrigá-las a prestar contas é inútil?
O actual Governo parece apostado a surpreender no campo ideológico.
Esta suspensão preventiva tem, como fim último, a possibilidade de responder a um questionário que permita a avaliação custo benefício da utilização de fundos públicos.
Acresce a necessidade de "ver" as contas.
Qualquer pessoa de bem enquadra esta decisão do Parlamento numa objectiva necessidade de transparência na utilização de dinheiros públicos, dinheiro dos contribuintes.
O que se poderá já estranhar é que tal proposta de Lei venha de partidos de direita, que a esquerda parlamentar se abstenha e que o Partido Socialista se manifeste democraticamente contra.
Não seria interessante percebermos de que tem medo o Partido Socialista?
Colocar as Fundações sobre escrutínio é errado?
Obrigá-las a prestar contas é inútil?
O actual Governo parece apostado a surpreender no campo ideológico.
terça-feira, 16 de agosto de 2011
Marx revisitado
Não, não fui á prateleira reler o Capital.
Até tenho medo de lhe pegar, amarelecido que está pelo tempo e friável por compra em época de menor cuidado editorial.
Vejo, com olhos de desconhecimento parolo, a crise financeira actual e o aumento da riqueza de alguns com empobrecimento perigosíssimo do trabalho, da sua remuneração e da sua manutenção.
Estamos agora numa fase de pagar desmandos.
Vamos ter de pagar as megalómanas obras de fim de regime madeirense, as inúteis empresas municipais para compor ordenados aos favorecidos da política, as empresas públicas geridas em permanente prejuízo, sustentar Fundações de duvidosa utilidade, as piscinas e pavilhões desportivos municipais para os quais não há nem gente nem condições de manutenção, as urgências hospitalares abertas como balcões bancários, a fraude e a corrupção de um Estado que parece adorar ser enganado, a lentidão de uma Justiça demasiado cega, as assessorias, as mordomias, os almoços, os jantares, as viagens, os carros de topo, etc., etc.
Hoje Nouriel Roubini vem dizer, no Wall Street Journal, que parece que Karl Marx tinha razão: o capitalismo pode mesmo destruir-se a si próprio, num caldo de hipocrisia, estupidez, ambição desmedida e de uma tremenda distorção moral e ética.
Por cá, escondidos nas moitas a ver se escapam ao escrutínio e se prolongam um estado de graça pós eleitoral, os Ministros e o Governo no seu todo entretêm-se a espremer-nos esquecendo-se do fundamental: a reforma do Estado, a reforma da democracia, a reforma do clientelismo.
O povo, calmo nos seus 900 anos de História e calejado de várias bancarrotas, acomoda-se incomodado.
Até quando?
Até tenho medo de lhe pegar, amarelecido que está pelo tempo e friável por compra em época de menor cuidado editorial.
Vejo, com olhos de desconhecimento parolo, a crise financeira actual e o aumento da riqueza de alguns com empobrecimento perigosíssimo do trabalho, da sua remuneração e da sua manutenção.
Estamos agora numa fase de pagar desmandos.
Vamos ter de pagar as megalómanas obras de fim de regime madeirense, as inúteis empresas municipais para compor ordenados aos favorecidos da política, as empresas públicas geridas em permanente prejuízo, sustentar Fundações de duvidosa utilidade, as piscinas e pavilhões desportivos municipais para os quais não há nem gente nem condições de manutenção, as urgências hospitalares abertas como balcões bancários, a fraude e a corrupção de um Estado que parece adorar ser enganado, a lentidão de uma Justiça demasiado cega, as assessorias, as mordomias, os almoços, os jantares, as viagens, os carros de topo, etc., etc.
Hoje Nouriel Roubini vem dizer, no Wall Street Journal, que parece que Karl Marx tinha razão: o capitalismo pode mesmo destruir-se a si próprio, num caldo de hipocrisia, estupidez, ambição desmedida e de uma tremenda distorção moral e ética.
Por cá, escondidos nas moitas a ver se escapam ao escrutínio e se prolongam um estado de graça pós eleitoral, os Ministros e o Governo no seu todo entretêm-se a espremer-nos esquecendo-se do fundamental: a reforma do Estado, a reforma da democracia, a reforma do clientelismo.
O povo, calmo nos seus 900 anos de História e calejado de várias bancarrotas, acomoda-se incomodado.
Até quando?
quarta-feira, 27 de abril de 2011
O pavão
A entrevista que o Primeiro-Ministro concedeu ontem á TVI ficará na história pelo pupilar do pavão.
Temo que a esta hora o habitual dono do jardim da residência oficial do PM esteja a ser alvo de um sumário processo de inquérito ou, mais grave, que sobre ele impenda já um regime de mobilidade especial que o arraste para outro jardim do sector público administrativo.
Mas algumas dúvidas se levantam nesta questão:
- estaria o pavão a emitir o seu característico som por considerar a Judite de Sousa como uma intrusa?
- estaria o pavão, territorialista como é, a defender-se de outro macho da mesma espécie e a alertá-lo que não deveria dar uma entrevista partidária e eleitoralista naquele cenário?
- ou, mais grave, estaria algum infiltrado no jardim afecto a Passos Coelho que obrigasse o bicho a pupilar sempre que Sócrates punha um ar muito sério por sobre uma grande boutade.
O certo é que o bicho foi o protagonista da entrevista e a sua intervenção é tudo menos inocente.
quinta-feira, 24 de março de 2011
Puuum!
Sócrates estatelou-se.
Não se sabe se no decurso de um violento tackle de um jogo de interesses conjunto de Keynes com Marx e Mao, apadrinhado pelo filho pródigo do Poço de Boliqueime, ou se, num assomo de ousadia perante tantas câmaras instaladas, por simulação de um ligeiro toque entre pés do seu passo sempre apressado.
O resultado é conhecido.
Os que não se entenderam e arrastaram o País ás urnas vão agora submeter-se ao voto popular almejando fôlego de maioria.
Convirá, no entanto, perceber onde chegámos.
Gastamos mais do que produzimos e fazemo-lo alegremente há décadas.
Desconhecemos o real estados das contas públicas e não percebemos onde se enterrou tanto bilião.
Destruimos a nossa indústria pesada, a nossa agricultura e a nossa pesca porque eram coisas sujas, poluentes e próprias de Países pobres e remediados.
Apostámos no servilismo turístico como se o Sol e o golfe fossem panaceias sem fim.
Não se vê como espremendo os já baixos salários se conseguirá pagar o que se deve num País que já exporta licenciados e não atrai investimento.
Sócrates tem mau feitio. É, sem ofensa à Mãe Natureza, um eucalipto. Seca tudo em volta e é incapaz de existir num ambiente negocial ou de consenso. Não acredita em Passos Coelho. Acha-o um puto imaturo. Não acredita na esquerda que tudo faz para não ter um Governo Socialista. Não acredita no homem da Lavoura. Nem parece acreditar no seu próprio Partido, cada vez mais monocórdico.
Mas Sócrates é um resistente. Ninguém, que não fosse ele, resistiria a uma comunicação social hostil, a uma Justiça hostil, a um Presidente hostil. O homem tem nervos de aço e vontade férrea de vencer.
Não sei é se é isto que o País precisa neste momento mas duvido que o seja.
Vamos mesmo ter que pedir a alguém que se chegue á frente para pagar as nossas contas simulando, descaradamente, que nos esquecemos da carteira em casa.
Não se sabe se no decurso de um violento tackle de um jogo de interesses conjunto de Keynes com Marx e Mao, apadrinhado pelo filho pródigo do Poço de Boliqueime, ou se, num assomo de ousadia perante tantas câmaras instaladas, por simulação de um ligeiro toque entre pés do seu passo sempre apressado.
O resultado é conhecido.
Os que não se entenderam e arrastaram o País ás urnas vão agora submeter-se ao voto popular almejando fôlego de maioria.
Convirá, no entanto, perceber onde chegámos.
Gastamos mais do que produzimos e fazemo-lo alegremente há décadas.
Desconhecemos o real estados das contas públicas e não percebemos onde se enterrou tanto bilião.
Destruimos a nossa indústria pesada, a nossa agricultura e a nossa pesca porque eram coisas sujas, poluentes e próprias de Países pobres e remediados.
Apostámos no servilismo turístico como se o Sol e o golfe fossem panaceias sem fim.
Não se vê como espremendo os já baixos salários se conseguirá pagar o que se deve num País que já exporta licenciados e não atrai investimento.
Sócrates tem mau feitio. É, sem ofensa à Mãe Natureza, um eucalipto. Seca tudo em volta e é incapaz de existir num ambiente negocial ou de consenso. Não acredita em Passos Coelho. Acha-o um puto imaturo. Não acredita na esquerda que tudo faz para não ter um Governo Socialista. Não acredita no homem da Lavoura. Nem parece acreditar no seu próprio Partido, cada vez mais monocórdico.
Mas Sócrates é um resistente. Ninguém, que não fosse ele, resistiria a uma comunicação social hostil, a uma Justiça hostil, a um Presidente hostil. O homem tem nervos de aço e vontade férrea de vencer.
Não sei é se é isto que o País precisa neste momento mas duvido que o seja.
Vamos mesmo ter que pedir a alguém que se chegue á frente para pagar as nossas contas simulando, descaradamente, que nos esquecemos da carteira em casa.
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