sexta-feira, 9 de julho de 2010

Pêssegos

Este ano foi um impositivo. Férias. Palavra ansiada e não cumprida há anos, desde que assumi a gestão do SIM.
Mas este ano tudo é diferente.
A minha mulher, médica e ultra funcionária pública, sns convicta, cansou-se de tanto disparate e juntou-se aos que passaram da ameaça à acção. Reformou-se. Perdão. Aposentou-se.
O acréscimo de disponibilidade e o jovem adolescente que cresce carente de atenção, justificaram a radical imposição: vou de férias. O SIM vive, obviamente, sem mim. E, quiçá, com vantagem.
Consumada a coisa, adoptada a postura social de moda, rumámos ao nosso refúgio interno na Beira Baixa. Férias com cerejas, com pêssegos, grandes e suculentos, com muita roçadora, corta mato, pó, livros, calma e noites estreladas.
De caminho, salde-se uma promessa antiga: compre-se uma pérgula, verde para não destoar do envolvente. Instruções: (1) Abra o gazeboem quatro direções (2) Apertarem o destaque nos 4 lados, até que o bloqueio (3) deslizar para baixo as pernas e colocar a destacar B na mesma altura em 4 lados (4) cravando as stakes nos pés e colocar o vento em cada canto para sua segurança. MUITA ATENÇÃO (1) Não trazem o fogo (2) não monte muito vento (3) não deixe o produto não está concebido para resistir a inclementes (4) deixe secar antes de o tecido dobrável para evitar a deterioração (5) colocar pesos para segurar o produto.
A pérgula, 3x3 metros, verde, está catita.
Portugal nem por isso.
Preocupamo-nos, e bem, com a arrogante colonização económica espanhola e estamos nas tintas para a aculturação de tradutores chinês - português.
Tudo o que se compra e que teve origem naquele "modelo de desenvolvimento", vem, invariavelmente, com instruções sem nexo, sem respeito e sem sentido.
Espero que os pêssegos tenham muito anti-oxidante pois o regresso, após férias beirãs, será para um País já com pouco nexo, sem sentido e muito pouco respeitoso.
O Governo deve ter utilizado o google translate e o texto original seria chinês, pois ninguém parece entender tanto aperto.
Valha-nos a providencial genética que, apesar de quem nos governa, nos faz seguir em frente como povo, como língua, como cultura.