segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Vasco, o Rezingão



Está por lá há anos. Serve-se da última página para zurzir em tudo quanto mexe, pensa ou exista. Utiliza uma língua apelativa, seca,crua, dura. Ninguém lhe resiste.
Concordamos com ele algumas vezes, não nos revemos noutras.
No que me comove, não parece gostar de funcionários públicos. São uns parasitas miseráveis largamente responsáveis pela crise que vivemos.
Eu, médico, funcionário público convicto, integrado num serviço gabado e cobiçado além fronteiras, irrito-me. Não gosto, cheira-me a crítica seca, inconsistente, formada para agradar a leitores e a perpetuar proventos financeiros por surfar onda de moda.
O pior é que é profundamente hipócrita.
Vasco Pulido Valente é funcionário público.
Vasco Pulido Valente pertence ao quadro do Instituto de Ciências Sociais, bela escola de pensadores e críticos como António Barreto, Manuel Vilaverde Cabral, Maria Filomena Mónica, entre tantos outros.
Vasco Pulido Valente recebe com periodicidade religiosa e mensal o seu vencimento.
Mas Vasco Pulido Valente não dá uma aula, não escreve um texto, não dá uma conferência, não investiga, não publica, não nada, há 10 (dez) anos!!
Mas recebe, religiosamente, a cada mês o seu vencimento de funcionário público.
Portugal está em crise.
É bem verdade. 
Mas é de valores que a crise mais se ressente.
Vasco, o Rezingão, continuará a maltratar tudo e todos na última página e a receber, injustamente, o seu salário de funcionário público no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.