quinta-feira, 24 de março de 2011

Puuum!

Sócrates estatelou-se.
Não se sabe se no decurso de um violento tackle de um jogo de interesses conjunto de Keynes com Marx e Mao, apadrinhado pelo filho pródigo do Poço de Boliqueime, ou se, num assomo de ousadia perante tantas câmaras instaladas, por simulação de um ligeiro toque entre pés do seu passo sempre apressado.
O resultado é conhecido.
Os que não se entenderam e arrastaram o País ás urnas vão agora submeter-se ao voto popular almejando fôlego de maioria.
Convirá, no entanto, perceber onde chegámos.
Gastamos mais do que produzimos e fazemo-lo alegremente há décadas.
Desconhecemos o real estados das contas públicas e não percebemos onde se enterrou tanto bilião.
Destruimos a nossa indústria pesada, a nossa agricultura e a nossa pesca porque eram coisas sujas, poluentes e próprias de Países pobres e remediados.
Apostámos no servilismo turístico como se o Sol e o golfe fossem panaceias sem fim.
Não se vê como espremendo os já baixos salários se conseguirá pagar o que se deve num País que já exporta licenciados e não atrai investimento.
Sócrates tem mau feitio. É, sem ofensa à Mãe Natureza, um eucalipto. Seca tudo em volta e é incapaz de existir num ambiente negocial ou de consenso. Não acredita em Passos Coelho. Acha-o um puto imaturo. Não acredita na esquerda que tudo faz para não ter um Governo Socialista. Não acredita no homem da Lavoura. Nem parece acreditar no seu próprio Partido, cada vez mais monocórdico.
Mas Sócrates é um resistente. Ninguém, que não fosse ele, resistiria a uma comunicação social hostil, a uma Justiça hostil, a um Presidente hostil. O homem tem nervos de aço e vontade férrea de vencer.
Não sei é se é isto que o País precisa neste momento mas duvido que o seja.
Vamos mesmo ter que pedir a alguém que se chegue á frente para pagar as nossas contas simulando, descaradamente, que nos esquecemos da carteira em casa.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Dízima

Instituído pelos romanos, este imposto era cobrado sobre a décima parte do valor dos bens de importação ou exportação.
D. João I determinou em 1410 este imposto a pedido da alfândega do Porto, e em 1461 as queixas de abuso por parte do dizimeiro, escrivães e almoxarife levaram D. Afonso V a regulamentar de novo. Este mesmo rei fixou em 1463 os objetos a que a dízima do porto de Lisboa devia ser aplicada e a concessão de alvarás.
Cada casa de despacho de Lisboa tinha uma tabela de valores e o imposto cobrado consistia usualmente em dez por cento de dízima e dez por cento de sisa. Havia, no entanto, localidades em que os valores variavam dos instituídos, por especial privilégio concedido pelo rei.
Em 2011 o dizimeiro Sócrates recuperou a Dízima, aplicando-a sobre o valor do trabalho aos funcionários públicos que auferiam valores absurdos acima de 4.000 € brutos mensais. Os dizimados questionam a equidade, aguardam pronuncia dos almoxarifes constitucionais e interrogam-se sobre o esforço que lhes é pedido, do tempo em que vai decorrer e dos seus resultados.
Doutros reinos chegam notícias de muitos abusos sobre o povo. 
Os nobres, prudentemente singelos de expressão, seguem sem azedumes de maior na corte.