terça-feira, 16 de agosto de 2011

Marx revisitado

Não, não fui á prateleira reler o Capital.
Até tenho medo de lhe pegar, amarelecido que está pelo tempo e friável por compra em época de menor cuidado editorial.
Vejo, com olhos de desconhecimento parolo, a crise financeira actual e o aumento da riqueza de alguns com empobrecimento perigosíssimo do trabalho, da sua remuneração e da sua manutenção.
Estamos agora numa fase de pagar desmandos.
Vamos ter de pagar as megalómanas obras de fim de regime madeirense, as inúteis empresas municipais para compor ordenados aos favorecidos da política, as empresas públicas geridas em permanente prejuízo, sustentar Fundações de duvidosa utilidade, as piscinas e pavilhões desportivos municipais para os quais não há nem gente nem condições de manutenção, as urgências hospitalares abertas como balcões bancários, a fraude e a corrupção de um Estado que parece adorar ser enganado, a lentidão de uma Justiça demasiado cega, as assessorias, as mordomias, os almoços, os jantares, as viagens, os carros de topo, etc., etc.
Hoje Nouriel Roubini vem dizer, no Wall Street Journal, que parece que Karl Marx tinha razão: o capitalismo pode mesmo destruir-se a si próprio, num caldo de hipocrisia, estupidez, ambição desmedida e de uma tremenda distorção moral e ética.
Por cá, escondidos nas moitas a ver se escapam ao escrutínio e se prolongam um estado de graça pós eleitoral, os Ministros e o Governo no seu todo entretêm-se a espremer-nos esquecendo-se do fundamental: a reforma do Estado, a reforma da democracia, a reforma do clientelismo.
O povo, calmo nos seus 900 anos de História e calejado de várias bancarrotas, acomoda-se incomodado.
Até quando?

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