quarta-feira, 7 de abril de 2010

Em contra ciclo

Estamos em ano eleitoral na Ordem dos Médicos.
Esta estrutura, importantíssima na verificação das condições do exercício da Medicina e na formação de especialistas, parece chegar ao fim do triénio em contra ciclo.
Afastou-se dos médicos, afastou-se do País, afastou-se do centro das decisões.
Perdeu influência, perdeu voz, perdeu presença.
Enleada em lutas internas, agoniza, contradiz-se, descredibiliza-se.
Desconheço quem se vai perfilar na compita eleitoral mas temo que as caras e os tiques se repitam numa espiral auto-destrutiva.
E preocupo-me pois o espaço da OM será, inevitavelmente, ocupado por outras entidades.
Os médicos (e a sociedade portuguesa) vão perdendo um referencial ético, deontológico e disciplinar.
Poderá esta situação ser invertida?
Haverá tempo para definir um novo trajecto, limpo, transparente, activo, honesto, efectivo e participado?

3 comentários:

  1. É urgente que tal aconteça. O papel dos Médicos perante os doentes e a sociedade em geral tem-se vindo a degradar. Todos os dias existem atropelos aos Médicos e a actos que lhes são exclusivos, sem que haja uma entidade à altura que o impeça. Todos os dias a Nobre profissão Médica é vulgarizada, sobretudo por outros profissinais de saúde, perde-se cada vez mais a admiração e o respeito pelo Médico e pelas suas decisões... É urgente mudar este rumo!!

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  2. Já agora para que rumo?
    Talvez o da idolatraria em que todos oremos algumas preces ao Deuses do Olimpo para auferirmos do privilégio supremo de uma consulta de 5 minutos ao fim de 5 meses de espera? Ou o de uma cirurgia executada por Zeus e seu séquito a título de grande acto filantrópico para com os comuns mortais numa qualquer tarde de SIGIC ? Ouvi há pouco tempo num debate televisivo que um médico não era um homem normal. Pois claro! Não come, bebe, vai à casa de banho ou sangra como nós. Ao invés disso contempla-nos do alto do monte, saudoso dos tempos do analfabetismo e provincianismo que levavam os mortais a fazer ofertas e sacrifícios humanos, rogando aos deuses por clemência e abundância. Resta-nos a nós, comuns mortais, engenheiros, sociólogos, professores, restantes profissionais de saúde, biólogos,filósofos e pensadores aguardar pela vez de sermos também contemplados com neurónios para podermos partilhar o ar que os entes iluminados respiram. É que ninguém mais tem profissões de responsabilidade ou complexidade. Apenas lavramos a terra para delas extraírmos as raízes que comemos. A ambrósia não se destina aos nossos palatos. Servimos unicamente para adoecer aumentando assim a fastidiosa tarefa dos imortais de nos consertarem para lavrarmos a terra uma vez mais. E continuar a idolatrar.
    PS: Descansem farmacêuticos, psicólogos, enfermeiros, técnicos, gestores e demais da saúde. Em breve serão distribuidas esfregonas para que todos lavem o chão por onde os deuses flutuam. Mais do isso pode ser considerado usurpar funções.

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  3. Tanta cotevelite...
    e logo agora que há tantas faculdades de medicina para cursar e chegar ao tão invejado Olimpo Sagrado!

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