segunda-feira, 17 de maio de 2010

Negociar em tempo de guerra

Uma das questões de mais difícil resposta, neste momento, é o resultado negocial em contratação colectiva.
Negociar significa ter interlocutor, debate, contra-parte e consenso.
Negociar significa ter alguém do outro lado da mesa.
O actual momento da crise financeira, económica e social (a ordem não é arbitrária) trouxe-nos um cenário impensável: um Governo, com oito meses de votado e já paralisado no seu desempenho, sem conseguir passar qualquer tipo de mensagem, de ideia, de rumo.
O Primeiro-Ministro, José Sócrates, assentou toda a legislatura anterior num Governo de decisão centralizada. Pouco ou nada se decidiu, se consolidou, se avançou sem o seu estímulo, o seu empenho e a sua bênção. Resultou.
Com os insanos mercados a mostrarem esperado prazer em montanhas russas, a anterior receita governativa transposta para o actual Governo vai revelar-se, a curto prazo, no principal motivo da sua ineficácia e na sua morte.
Sócrates escolheu um Governo de técnicos competentes mas que se revelam, com excepções, muito longe do desígnio de afrontarem as balas com a coragem e a atitude que o País necessitava nestes tempos de guerra.
Na Saúde, encerrado o capítulo Gripe A, mantendo-se Pizarro em campanha eleitoral para a autarquia da Invicta e Óscar Gaspar esmagado com tanto défice escondido, Ana Jorge sucumbe ao seu Princípio de Peter, incapaz de encerrar qualquer negociação, de cumprir qualquer compromisso ou de imprimir qualquer marca. O extraordinário é que nem se consegue aproveitar a crise, e o quanto ela assusta e intimida, para a reorganização de serviços, as reformas mais duras, mas necessárias.
De fora vê-se José Sócrates em constante esforço contra os mercados, a inércia, o destino, a conjuntura e a História, corajosamente secundado por Teixeira dos Santos, Helena André e Vieira da Silva. Desculpem-me a provável injustiça mas todos os outros Ministros dão a sensação que desapareceram ao primeiro tiro e quando deles mais precisamos.
E esta é também a nossa maior dificuldade. O Primeiro-Ministro, com dois ou três dos seus Ministros, lançam-se num combate desesperado, contra o tempo e contra a conjuntura. Os outros, Ana Jorge incluída, mostram, no seu triste esplendor, as suas limitações.
E como podemos negociar nestas condições. E negociar o quê?
Claro que resta sempre a opção da luta de rua, da manif, da Greve geral, arrastando o País para onde os mercados especuladores querem. Será apenas este o papel esperado dos Sindicatos e dos sindicalistas?
"Quando se desconhece o rumo, qualquer vento é desfavorável".

2 comentários:

  1. enfim, boa vai ela..
    atrasos constantes nas negociações com os enfermeiros e com os médicos, ameaças de correrem estes do INEM, passar a batata para os outros ministros, adiar e adiar, esquivar e desviar.
    A incompetência e pulso fraco desta ministra e acólitos, torna-se cada vez mais insuportável. O SNS afunda-se, vertiginosamente, todos os dias cada vez mais embrenhado numa escuridão, da qual será bem dificil trepar e fugir...

    ResponderEliminar