quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Até dá pena!

Ver Helena André sair em defesa do maior e mais desleixado patrão até dá pena.
A sua rápida transição da liderança do sindicalismo europeu para Ministra do Trabalho alvo de uma greve geral até dói.
O que parece claro neste dia de luta à moda antiga é que Helena André fechou a porta a um regresso à sua UGT e ao seu passado.
Não deixa de ser curioso ver John Monks, Secretário-Geral da CES em Portugal em apoio inequívoco da greve geral, prenhe de palavras elogiosas.
Mas é muito difícil de aceitar a confrangedora situação em que se coloca, ao lado do burocrata certinho, Gonçalo Cadilhe dos Santos, na guerra das percentagens e da contagem de serviços públicos abertos ou fechados.
Helena André sabe que a greve existiu, foi efectiva e transversal a muitos extractos políticos, sociais e partidários.
E, obviamente, bem sabe que o descontentamento existe, fruto não de uma negação da percepção ou da interiorização da necessidade de sacrifícios, mas sim da sua efectiva equidade.
Helena André é Ministra do Trabalho de um Governo apanhado num turbilhão e que decide, sem rebuço ou hesitação, aplicar o mais fácil - cortes de salários, aumentos de impostos.
Helena André, hoje claramente EX-sindicalista, é Ministra do Trabalho de um Governo que diz que os cortes nos salários, para além de inconstitucionais, são para sempre, permitindo-se dormir sobre a desvalorização do valor do trabalho e do seu reconhecimento social, num retrocesso civilizacional sem precedentes.
Reconheça-se-lhe a lealdade ao "seu" PM e a coragem.
Mas hoje a sua expressão perante as câmaras não deixava dúvidas a ninguém - desalento, tristeza e, tragicamente, impotência perante a inevitável escalada das tensões sociais.

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