sexta-feira, 12 de novembro de 2010

De Tigre Celta a Gato Esfolado

Há uns mesitos o tigre Celta era a nossa meta e a nossa vergonha.
Impunha-se reformas estruturais que nos colocassem em posição de seguir o trilho.
Reformas da administração pública, menos e melhor Estado, livre avanço da iniciativa privada, do mercado, da concorrência sã.
Os gestores ao poder, a política regrada e regulada pela Economia e pelos economistas.
Mais flexibilidade nas regras laborais, mais facilidade nos despedimentos e mais liberdade na contratualização.
O mais fantástico era ver as horas de tv e rádio e o ar de superior fastio com que os economistas e, mais grave, os opinadores pseudo-economistas, nos brindavam para demonstrar uma evidência: a Irlanda e o seu modelo económico de crescimento eram para seguir, melhor, para copiar sem demora e sem contestação.
Hoje, vendo o tigre como um gatinho esfolado miando por um pratinho de leite alemão, chinês ou russo, o que me vem á cabeça é a sem vergonha dos mesmos economistas e dos mesmos opinadores pseudo-economistas que persistem em debitar, com o mesmo fastio, novos ídolos e novos paraísos.
A crise financeira tem uma virtude: só um louco acredita num banqueiro, num economista ou num mercado que se auto-regule.

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