segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A ironia na saúde e na doença

A Saúde e, principalmente, a falta dela, pode ser muito irónica.
O País sabe que Alberto João Jardim sofreu um enfarte agudo de miocárdio e deseja-lhe, sem excepção e sem hipocrisia, rápidas melhoras e rápido regresso à vida activa.
A doença, e muito mais a morte, se convenientemente mediatizadas, têm a virtude de aplanar opiniões e colocar todos, sem excepção, no campo das pessoas de bem, de bom feitio, de elevada estatura e de irrepreensível estatuto moral.
Todos já esqueceram que AJJ vociferou recentemente, em plena Assembleia Legislatura Regional, contra os médicos grevistas e os médicos do Hospital Nélio Mendonça em geral, epitetando-os num chorrilho impublicável sem a competente bolinha vermelha, jurando deles não precisar e, se o destino o atraiçoasse contra sua vontade expressa, recorreria mais rápido ao continente, mesmo cubano, ou ao estrangeiro em vez do Serviço Público que, em tempos, acarinhou e ajudou a crescer.
O tempo, grande escultor, nem precisou de porfiar muito. Nem um mês volvido, foi no Hospital que publicamente desprezou que encontrou competência técnica de ponta para ver recanalizadas as suas coronárias entupidas com cubanos (charutos claro!) e tensas (hiper) com clamores de revolta dos seus pares partidários, em momento decisivo de escolha de cadeiras, cansados de um líder que tudo seca em volta.
O trágico, não confirmado e segundo as más línguas do costume, a que me associo, é que o enfarte terá começado a dar mossa no músculo cardíaco na noite de 5ª para 6ª feira e seguiu, após competente "não é nada", com ecg e tudo, alegremente pela agenda política e pela escolha da lista aos orgãos do PSD Madeira, explodindo o que restava.
Mais uma vez, ironicamente, foi junto dos seus muito próximos que não encontrou conforto precoce para a maleita e foi junto dos seus que provavelmente a viu crescer e agravar até ao competente trato profissional dos médicos do Hospital Dr. Nélio Mendonça.
Amanhã, recanalizado, oxigenado e medicado, será tempo de esquecer tudo e voltar ao vitupério.
Com ironia.
Sem memória.

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