sábado, 24 de outubro de 2009

Os Achistas

Estamos num País em que todos acham qualquer coisa e, mais grave, se acham no direito de achar.
Sabem tudo, têm opinião sobre tudo, mesmo que seja sedimentada em textos truncados e sem qualquer base científica.
Dá-se mais valia a um rústico contestatário do que a uma equipa de peritos. Põe-se em causa a honorabilidade de pessoas e instituições porque é giro, é moda e é in. Desde que circule na Net, seja via mail, twitter ou blog, é verdade pura e a seguir sem hesitações.
Cultiva-se a liberdade individual e o direito á indignação e á diferença como se não estivéssemos enterrados até ao pescoço em compromissos societários e em lógicas de grupo e de bem público. Revivemos permanentes Woodstocks e até nos vestimos em conformidade, sendo agora bem deixar crescer as melenas ao nível dos anos 60, certamente para esconder a estupidez e a fragilidade do que lhes está por debaixo.
Vacina da Gripe? Nem pensar. Não levo nem que o Rumsfeld me obrigue. Não está testada. A Gripe é uma invenção. Isto é um golpe publicitário para engordar os ricos.
A juntar ao coro de achistas hyppies, temos agora os Bastonários das Ordens dos Enfermeiros e dos Médicos, Maria Augusta de Sousa e Pedro Nunes. Também estas peças se acham no direito de criar dúvida, defendendo quem, dentro dos profissionais de saúde, se recuse á vacinação que as Autoridades de Saúde preconizam.
Esquecem-se do interesse público, esquecem-se da propagação criminosa de doença infecciosa e aviltam o respeito que deviam demonstrar pelas Orientações Técnicas das Autoridades de Saúde. Agem como párias de um Estado que neles investe, delegando, parte do seu poder.
Esquecem-se, de forma bouçal, que representam (deviam representar) classes profissionais que estão sobre observação atenta e permanente da sociedade.
Porque é que eu me devo vacinar se até os médicos e os enfermeiros não o querem?
Claro que nos países estúpidos a Gripe A continua a ser encarada como uma ameaça séria.
Obama não parece achista e seguiu as indicações das Autoridades de Saúde (Público).
Por cá as nossas (DGS) apelidam de crenças as opiniões de Pedro Nunes e de Maria Augusta de Sousa, e prosseguem no plano traçado, mesmo contra os achistas.
Acho que lhes vamos ficar a dever um obrigado.

3 comentários:

  1. Pelos vistos os americanos não a querem...pense lá um bocadinho nisso....

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  2. Estimado Anónimo
    A história vacinal americana nada tem a ver com a Europeia. Em Portugal há muitos anos que os doentes fazem vacinação antigripal sazonal (com os mesmos excipientes) e que o plano nacional de vacinação é um sucesso (assim considerado pela OMS). Assim, os excipientes usados na vacina Pandermix permitem criar anticorpos de forma mais rápida e mais eficaz.
    Aqui não há crenças. Só ciência. Que pode falhar...claro. Mas o reparo que fez mais uma crença. Abraço

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  3. pois, devo concordar consigo. Ambos os bastonários se estão a basear em crenças pessoais. E isso é realmente perigoso. Eu, por exemplo, sendo Enfº, escolho pela não vacinação, depois de decidir em consciência que a dita Gripe não será assim tão perigosa, depois de ler artigos, estatísticas, e outras publicações.
    Mas, não concordará o estimado colega que, deixando de parte as perversas teorias da conspiração, que de facto poderá haver algum exagero? Algum interesse das grandes farmacêuticas? Algum aproveitamento publicitário da nossa ministra?... Dá que pensar.. Gostava de ler a sua opinião.
    Abraços e um bom ano!

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